Bernard Cornwell é um de meu escritores favoritos. É um grande escritor de ficção histórica, e para ser sincero, o único cuja obra posso me considerar um conhecedor. Desde o primeiro contato que tive com seu trabalho, ao ler a (regada a hidromel) trilogia "As Crônicas de Artur", me tornei um grande admirador. De fato, é incrível o conhecimento do homem. Só imagino quanta pesquisa antecede à escrita de suas obras. É incrível. Ele relata em detalhes o cotidiano de determinado exército de uma maneira muito clara e atraente. Diz como eram as formações de batalha, as armas que eram usadas, as roupas que eram vestidas, as doenças e males que afligiam os exércitos... até mesmo onde os soldados cagavam! E sempre com um toque meio sinistro, mostrando realmente como era a sujeira e a corrupção da coisa. Mas Bernard Cornwell também se destaca, além de historiador, como romancista. A riqueza dos personagens que ele cria, a capacidade de descrever o meio que os cerca, seus medos e suas ambições, tudo contribui para que seus livros sejam obras memoráveis e grandes expoentes da ficção histórica.
Outra coisa com a qual simpatizo muito nos livros, é o modo como a igreja e a cristandade em geral é retratada: com asco, chafurdando na podridão que a condiz; essa agora falida instituição. Vez por outra aparece um cristão bonzinho, evitando-se a ignorância da generalização, mas, condizendo com a realidade, diversos são os vilões que se escondem atrás do nome de Jesus Cristo .
Acabo de ler "A Presa de Sharpe". Grande livro. Grande saga na verdade. Foi essa a criação (As Aventuras de Sharpe) que trouxe grande reconhecimento ao autor, e não é atoa. "A Presa de Sharpe" é o quinto volume da saga, que, infelizmente, não foi lançada integralmente no Brasil. Pelo menos não até agora, o que nos obriga a recorrer aos importados. São mais de 20 livros, e há também um seriado de TV, estrelando o "Boromir" do filme "O Senhor dos Anéis"(eca) como Sharpe.
A presa de Sharpe trata de uma covarde campanha inglesa, que tem como finalidade a captura da frota marítima da Dinamarca, em Copenhage (1807). Também pode ser vista como uma gloriosa campanha inglesa em reação à atitudes francesas, onde mulheres e crianças foram trucidadas.
Richard Sharpe é, literalmente, um filho-da-puta. Nascido em Londres, ao redor de 1777, com uma mãe meretriz, e pai desconhecido, Sharpe acaba sendo criado em um orfanato. Açoitado freqüentemente, mal-tratado, obrigado a cumprir tarefas desumanas, Sharpe em determiado ponto é vendido a terceiros, com a intenção de que se torne um limpador de chaminés. Ora, crianças pequenas e mal-alimentadas mostram-se perfeitas para o ofício, pois podem alcançar até mesmo os menores espaços, afim de que o serviço seja bem feito. Verdade que tendem a sofrer uma morte prematura. Respirar toda aquela fuligem não há de fazer bem aos pulmões em desenvolvimento, mas são ossos do ofício. Surgindo a oportunidade Sharpe escapa, e vai viver por si só no sub-mundo londrino. Com o tempo se desenvolve, e acaba descobrindo sua vocação: matar.
Pensando em tirar proveito de seus talentos, e tentado pela perspectiva de fartura, Sharpe alista-se no exército inglês, e torna-se um "casaca-vermelha" (tal qual o Eddie de "The Trooper" xD).
E aí que começa sua estória (ou história?). Sharpe embarca para a Índia, servindo o exercito inglês, que simplesmente reivindicou o país para si mesmo. E de fato, são muito filhos-das-putas esses ingleses. É um povo ganancioso, errado e desrespeitoso. Óbviamente, se não fossem eles, seriam os franceses, naquela época, assim como hoje em dia os americanos o fazem. Entretanto, é difícil não sentir uma simpatia por Sharpe, que ao decorrer de sua jornada mostra que possui sim uma consciência, e tal vez seja, dos ruins o "menos pior".
O primeiro volume narra a batalha de Seringapatan (1799), e se chama "O Tigre de Sharpe". Através da matança, Sharpe encontra seu caminho. Sobe na vida, para depois descer, e viver na gangorra como um soldado inglês. É deveras interessante o trabalho de Bernard Cornwell, ao conciliar a história com a ficção. E certamente ele faz um excelente trabalho. Interessante também é que, ao final de cada volume, encontra-se uma nota histórica, detalhando o que de fato aconteceu, o que foi distorcido, e o que foi totalmente inventado pelo autor. Como ele mesmo afirma "grandes heróis exigem grandes feitos".
Por isso, meus já não tão poucos leitores (porque eu sempre incomodo todo mundo pra vir visitar o blog xD), recomendo a vocês "As Aventuras de Sharpe", como os excelentes livros que são. Paro por aqui, porque quero evitar os spoilers.
O povo brasileiro lê, de acordo com o Ministério da Cultura, a risível média de 1,8 livro ao ano. Um claro reflexo do subdesenvolvimento do país, e, afirmo com convicção, vice-versa! A reversão desse quadro é um importante passo para que andemos em busca do conhecimento, destoando da ignorância que assola o nosso país, e que permite que uma corja de salafrários usufruam dos benefícios que um governo imoral lhes pode trazer. E, por que não, "O Tigre de Sharpe" pode ser um bom meio de se começar.
Acabo de ler "A Presa de Sharpe". Grande livro. Grande saga na verdade. Foi essa a criação (As Aventuras de Sharpe) que trouxe grande reconhecimento ao autor, e não é atoa. "A Presa de Sharpe" é o quinto volume da saga, que, infelizmente, não foi lançada integralmente no Brasil. Pelo menos não até agora, o que nos obriga a recorrer aos importados. São mais de 20 livros, e há também um seriado de TV, estrelando o "Boromir" do filme "O Senhor dos Anéis"(eca) como Sharpe.
A presa de Sharpe trata de uma covarde campanha inglesa, que tem como finalidade a captura da frota marítima da Dinamarca, em Copenhage (1807). Também pode ser vista como uma gloriosa campanha inglesa em reação à atitudes francesas, onde mulheres e crianças foram trucidadas.
Richard Sharpe é, literalmente, um filho-da-puta. Nascido em Londres, ao redor de 1777, com uma mãe meretriz, e pai desconhecido, Sharpe acaba sendo criado em um orfanato. Açoitado freqüentemente, mal-tratado, obrigado a cumprir tarefas desumanas, Sharpe em determiado ponto é vendido a terceiros, com a intenção de que se torne um limpador de chaminés. Ora, crianças pequenas e mal-alimentadas mostram-se perfeitas para o ofício, pois podem alcançar até mesmo os menores espaços, afim de que o serviço seja bem feito. Verdade que tendem a sofrer uma morte prematura. Respirar toda aquela fuligem não há de fazer bem aos pulmões em desenvolvimento, mas são ossos do ofício. Surgindo a oportunidade Sharpe escapa, e vai viver por si só no sub-mundo londrino. Com o tempo se desenvolve, e acaba descobrindo sua vocação: matar.
Pensando em tirar proveito de seus talentos, e tentado pela perspectiva de fartura, Sharpe alista-se no exército inglês, e torna-se um "casaca-vermelha" (tal qual o Eddie de "The Trooper" xD).
E aí que começa sua estória (ou história?). Sharpe embarca para a Índia, servindo o exercito inglês, que simplesmente reivindicou o país para si mesmo. E de fato, são muito filhos-das-putas esses ingleses. É um povo ganancioso, errado e desrespeitoso. Óbviamente, se não fossem eles, seriam os franceses, naquela época, assim como hoje em dia os americanos o fazem. Entretanto, é difícil não sentir uma simpatia por Sharpe, que ao decorrer de sua jornada mostra que possui sim uma consciência, e tal vez seja, dos ruins o "menos pior".
O primeiro volume narra a batalha de Seringapatan (1799), e se chama "O Tigre de Sharpe". Através da matança, Sharpe encontra seu caminho. Sobe na vida, para depois descer, e viver na gangorra como um soldado inglês. É deveras interessante o trabalho de Bernard Cornwell, ao conciliar a história com a ficção. E certamente ele faz um excelente trabalho. Interessante também é que, ao final de cada volume, encontra-se uma nota histórica, detalhando o que de fato aconteceu, o que foi distorcido, e o que foi totalmente inventado pelo autor. Como ele mesmo afirma "grandes heróis exigem grandes feitos".
Por isso, meus já não tão poucos leitores (porque eu sempre incomodo todo mundo pra vir visitar o blog xD), recomendo a vocês "As Aventuras de Sharpe", como os excelentes livros que são. Paro por aqui, porque quero evitar os spoilers.
O povo brasileiro lê, de acordo com o Ministério da Cultura, a risível média de 1,8 livro ao ano. Um claro reflexo do subdesenvolvimento do país, e, afirmo com convicção, vice-versa! A reversão desse quadro é um importante passo para que andemos em busca do conhecimento, destoando da ignorância que assola o nosso país, e que permite que uma corja de salafrários usufruam dos benefícios que um governo imoral lhes pode trazer. E, por que não, "O Tigre de Sharpe" pode ser um bom meio de se começar.
3 comentários:
E ai Klein! muito bom ver esse comentário sobre a saga de Bernard Cornwell.
Foi um presente inesquecivel, não é?
Agora vamos esperar pelas proximas publicações no Brasil.
um grande abraço
Renata
É aqui o blog que está aberto a discussões para poder "desafogar" o chongas? Não imaginava que fosse fazer tanto sucesso! ;) Abração camarada, obrigado pelo bom humor! =)
Opa, obrigado você pela visita, fico honrado!^^
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